Não é o amor que dói. É amar.
Porque quando amamos somos
quebrantados. É como se ao tocar o amor, tivéssemos que obrigatoriamente tocar
o que em nós também precisa ser amado. Aquilo que escondemos debaixo do tapete
para não ter que sentir, não ter que lidar, não ter que olhar. Mas o amor,
quando toca, traz à tona.
E isso vale para qualquer tipo de
amor. Amor a um projeto, a uma pessoa, a uma empresa, a um produto, a um cargo,
a uma ideia. Todas as vezes que amamos algo fora, encontramos também algo
dentro que precisa de amor.
A grande questão é que para
manter o amor ao que está fora, muitas vezes queremos sufocar ainda mais o que
está adoecido internamente, queremos que o orgulho, o medo, a insegurança ou
qualquer coisa que ainda carregamos não apareça, não ameace aquela sensação boa
de estar amando algo. E aí, vamos nos abandonando, deixando de ser quem somos,
para tentar ser aquilo que o objeto, a empresa ou a pessoa amada espera.
Espera, pede descaradamente ou
pior, nós é que achamos que espera.
É nesse momento que nos perdemos,
quando deixamos de amar o que em nós mais precisa de amor. Porque é no amor ao
que está na vida que criamos a possibilidade de amar o que ainda não conseguimos
olhar dentro de nós.
O que em você precisa de amor?
Como o amor que você sente por seus projetos tem te ajudado a descobrir o que
em você ainda não cresceu? Como o seu amor por alguém tem te mostrado que ainda
existem partes suas inseguras?
É por isso que amar dói, porque
nos faz vulneráveis, nos faz encarar que nem sempre vencemos e que é preciso
corrigir a rota. Amar nos escancara, mostra onde erramos e nos faz ver o que
não pode mais voltar e o que não pode mais seguir. Quando amamos somos
obrigados a nos limpar de velhas cargas ou das novas que tentam nos entregar,
mas que não fazem mais sentido. A gente já não aguenta mais.
Ao mesmo tempo ele nos prepara para novos tempos, nos quais seremos mais amados por nós mesmos e poderemos colher mais amor. Não se abandone. Esse é o primeiro passo para dar tudo errado. O amor é a chance que temos de vencer e ele primeiro precisa passar por nós, curar em nós para depois poder ser oferecido.
Tenha coragem de deixar o amor
viver em você. Uma coisa é garantida, ele vai trazer para a pele as dores que
precisam ser sentidas para poderem ir embora de vez. Tenha coragem de
senti-las, só assim as dores podem ser curadas, quando são aceitas no coração.
Isso não significa aceitar as exigências
descabidas de um parceiro, de um cargo, de um chefe sem noção. Significa ter a
coragem de olhar para você e se perguntar: Porque ainda estou atraindo isso
para mim? Qual dor estou tentando reproduzir aqui? E se entregue à resposta. O
amor a esse emprego, ou seja lá o que for que você estiver amando, pode te
ajudar a amar mais você mesmo.
Espero que você tenha a coragem
de se amar, de estar consigo, de corrigir o rumo e de se libertar.