Páginas

Devolva aqui!

“Há pessoas que nos roubam. E há pessoas que nos devolvem”.

Há pessoas que nos devolvem o sorriso, as ideias, a energia, o incentivo, tudo aquilo que já é nosso, mas que nos esquecemos e deixamos roubar em certos momentos da vida.

Essa frase tem feito cada dia mais sentido para mim. É uma citação do padre Fábio de Melo, que no livro Quem me Roubou de Mim, faz uma análise bem interessante sobre o que ele chama de sequestro da subjetividade. Esse conceito trata desse sequestro que não é físico, mas que leva parte do que somos, que nos afasta de nós mesmos e daquilo que faz sentido para nós.

No primeiro semestre desse ano vivi tempos em que manter minha subjetividade (quem eu sou) apesar das circunstâncias, foi o desafio.  Uma amiga disse: “sabe Tati, é que você está num momento de tirar os pesos”. A princípio concordei, mas em seguida percebi que vivi uma época de devoluções, começando pela decisão de devolver a mim mesma o que sou. É por isso que os pesos precisavam sair, eles não eram meus.

É impressionante como o primeiro passo de coragem dá o impulso para todos os outros. E de repente me vi cercada de pessoas “me devolvendo” também. Como se o Universo todo dissesse “Isso querida, que bom que você teve coragem de se amar”.

Devolver quem somos a nós mesmos tem a ver com responsabilidade e culpa. Responsabilidade para assumir o caminho que desejamos e para compreender que se estamos onde estamos, foi uma escolha nossa. Uma certa culpa também faz parte, a de não agradar a todos.

Pensando sobre tudo isso e escolhendo qual seria meu próximo passo profissional, comecei a refletir sobre o que deixei para trás. Qual foi o rastro que deixei?

Coincidentemente (ou não), fui convidada para fazer uma palestra sobre minha carreira nesse período e revi os passos, as empresas por onde passei, as pessoas que conheci, os projetos, tudo.

Já pensou sobre isso? Quando você passa pela vida de alguém, a deixa engradecida? Quando você já não está mais, sua presença é lembrada com alegria? As empresas nas quais trabalhou cresceram com a sua contribuição? Há gratidão? As portas continuam abertas para você?

Com isso em mente, que tal fazer um exercício?

Faça uma lista das pessoas que te devolvem. Aquelas que quando você chega perto o sorriso abre, você se sente respeitada; elas sempre têm uma palavra boa para oferecer; você se sente bem só de chegar perto e mesmo em silêncio é bom estar ali. Sabe quando a coisa flui de graça, sem esforço? Isso aí!

Faça também uma lista daquelas pessoas que te roubam de si mesmo. Quem hoje na sua vida te faz sentir menor? Quem te faz recuar, paralisar na vida ao invés de andar para frente? Quem atrapalha suas conquistas, ou te faz sentir incapaz? Quem te maltrata (muitas vezes disfarçado de bondade)?

Sem julgamento tá? Veio à mente, escreve o nome na lista, sem pensar se é certo ou errado. Às vezes, vai dar vontade de colocar a mesma pessoa nas duas listas, sinta honestamente em qual das duas essa pessoa cabe nesse momento. Siga o coração, como você se sente é o que vale. E pode ser tudo junto, gente do trabalho ou da vida pessoal. A lista é sua, coloque quem quiser.

E aí? Teve coragem de fazer o exercício?

Às vezes, é preciso muita coragem para admitir que algumas das relações que mais prezamos nos maltratam demais; para admitir que a responsabilidade por definir limites e nos posicionar é só nossa.

Hoje, depois de todo o turbilhão e da coragem de deixar ir tudo aquilo que me “roubava” energia, sorrisos e paz, o que restou foi uma gratidão imensa. Estou realizando vários sonhos que estavam guardadinhos no meu coração, ao lado de gente que “me devolve” sem nem perceber. Uma dessas pessoas é meu grande amigo Luciano Araújo, a quem dedico esse post.

Espero que esse post contribua para grandes devoluções, aquelas que fazem o coração ficar quentinho, pois, trazem a gente de volta para o lugar que é só nosso.


* Lu, obrigada por me ver com olhos tão carinhosos, por me lembrar do que sou capaz e por ajudar sem medir esforços a me devolver para a vida. Você é um amigo incrível, a quem eu amo, respeito e serei para sempre grata. :)

Inveja?


Então né? Lá estou eu indo dar uma palestra e uma pessoa me para e diz: “Nossa, mas você está linda, só que é muito jovem para se vestir assim, essa roupa te deixou velha demais”. Assim na lata, sem dó e com plateia. Eu, com cara de tacho, como dizemos aqui em Minas, respondi, “É que estou trabalhando, preciso me vestir mais seriamente”. A resposta: “É, mas está com cara de muito velha”. Recolhi o tacho e fui dar a palestra com “cara de velha”.

Depois fiquei pensando sobre o sentido dessa experiência e de outras que tenho vivido nas últimas semanas e percebi que tem muita gente me dizendo coisas indelicadas. Mais que isso, pessoas íntimas e que me querem bem estão com excesso de liberdade para me criticar e de certa forma tentando me diminuir. E pior, sem eu perguntar nada. Na mesma semana, convidei algumas amigas para jantar e ouvi tanta bobagem na sala da minha casa que fiquei em choque.

Para variar, comecei a analisar a questão e olha só o que descobri.
Nota: Não foi simples assim não, primeiro eu choro, depois eu penso (mulher né gente?).

Bem, por que eu fiquei incomodada com o que ouvi?
Porque aquelas pessoas são importantes para mim. São importantes, conhecem meus pontos fracos, e foi exatamente onde atacaram, naquilo que poderia me diminuir. E a coisa é tão velada que vem disfarçada de conselho amigo, mas no fundo é uma crítica que de algum modo faz a pessoa se sentir mais forte, mais sábia, melhor.

Colocar limites para quem a gente ama é um desafio bem maior do que para aqueles que tanto faz se forem embora ou não. A questão é que o limite colocado é proporcional à força que recuperamos, pois entendemos e assumimos o que é ou não para nós. E tudo bem não dar conta de tudo, não saber como lidar com as situações e precisar colocar um limite aqui e outro ali, para que mantenhamos o cuidado conosco e para que fique ao nosso lado quem dá conta de nos amar e acima de tudo respeitar.

A inveja é muitas vezes um sentimento involuntário. Quem sente, não necessariamente é mau, só lida com a dor de não conseguir estar na própria vida e assim, sofre com as realizações daqueles se concentram em si. Assim, ficam procurando meios de diminuir a outra pessoa e sentem até um alívio quando o outro não se sai bem. Quanto casais, amigos, familiares conhecemos que intimamente ficam felizes (aliviados) quando o outro não está tão bem, por medo de ficarem sozinhos?

Ser feliz dá trabalho, exige disposição para amadurecer e às vezes é um saco crescer. Pouca gente se concentra nisso, e num exercício de constante comparação, se perde da própria vida. Quando percebe que os demais caminharam, se sente ainda mais infeliz. Apenas por estar desconectada de si. Ou seja, estamos todos a mercê dessa praga interna se não estivermos dispostos a apenas estar presentes em nossos corações, em nossas vidas.

Como se proteger?

Bem, se a coisa anda difícil aí para você, o primeiro passo é assumir.
Se você sente inveja de alguém, assuma isso logo de uma vez dentro de si e veja o que pode fazer por si mesma. Sem se julgar, onde na sua vida está faltando você, para que a vida de alguém pareça melhor que a sua? De onde vem a necessidade de diminuir alguém ou encontrar defeitos em outra pessoa (as vezes que você até ama) só para se sentir um pouco melhor com a sua vida?

Agora, se você é alvo da danada, um bom caminho é fazer o bem. Fazer é diferente de desejar. É agir mesmo moçada! As ações positivas blindam a nossa mente de pensamentos negativos e assim, não sobra tempo, nem disposição para dar poder ao que não é belo ou de boa fama. De uma certa forma começamos a nos ligar mais a pessoas que estão no mesmo padrão de pensamentos que o nosso e assim, nos fortalecemos mais em nossas vidas. Olhe em volta, onde você pode fazer algo de bom por alguém ou por alguma causa?

E foi assim que a minha história se resolveu. Fui ser voluntária num trabalho de autoconhecimento que participo, e dois grandes amigos, percebendo meu coração miudinho pelos ocorridos, me atentaram para o que poderia estar ocorrendo. E quando percebi que só precisava me conectar de novo comigo, foi possível perdoar e seguir para o meu caminho novamente.


Mente positiva + boas ações = escudo de amor.

E a honestidade?



Há algum tempo fui convidada para participar de uma meditação indiana chamada OM (Oneness Meditation). Uma prática bem diferente do que conhecia até então em minhas buscas espirituais. Divertido, colorido e com músicas boas. Mas o que mais me chamou a atenção, foram as palavras do palestrante (orientador, guru, figura de referência, não sei ao certo o nome que se dá para quem conduz a cerimônia) da noite.

Ele falou sobre a honestidade na conversa com Deus. Se Deus é Deus, obviamente Ele já sabe o que queremos ou pensamos de fato, então, para que esse esforço todo para parecer diferente do que realmente somos? O exemplo foi mais ou menos assim: “a pessoa reza para ganhar na Mega Sena. Cem milhões acumulados e se ganhar vai poder doar vinte milhões para a caridade, mais uns vinte para a família e assim, mostra para Deus o quanto é uma criatura bondosa. Mas lá no fundo pensa que deveria ganhar mesmo cento e quarenta milhões para poder fazer as caridades e ficar com os cem que pediu desde o início. Não seria melhor já ser honesta de uma vez? Senhor, quero ganhar na Mega Sena para ser rica e pronto, gastar tudo na ostentação”. Hahahaha.

Adorei o exemplo e comecei a pensar sobre isso no ambiente de trabalho, lógico né? Do que vive esse blog? Pensei sobre o quanto conseguimos ser honestos com Deus (e conosco) nesse dia a dia. Queremos um aumento para nos equilibrar financeiramente ou para nos sentir reconhecidos?  Queremos entregar um trabalho logo para atender o cliente ou para ficar livre dele? Vamos almoçar com o colega porque a companhia é boa ou para ser convenientes a uma situação que pode nos favorecer?

Também não precisa adotar a postura do super sincero. O negócio é que estamos tão ligados ao certo e errado que aprendemos ao longo da vida, que ser verdadeiros conosco mesmo, e com Deus, pode parecer muito estranho. E assim tomamos a maior parte das nossas decisões, justificadas pelo que achamos correto e não pelo que sentimos de fato. Gastamos uma energia enorme para parecer o que não somos para nós mesmos.

E se a gente só relaxar, e ficar em paz com o que queremos e sentimos, mesmo que seja estranho ou não tão politicamente correto? Talvez assim seja possível lidar com mais verdade e eficiência com o que escolhemos viver, se não for preciso justificar ou tornar bonitinha a vida que de fato nos faz feliz.

Então Senhor Deus, estou pronta para ser madame, só para poder trabalhar quando quiser e com a renda destinada a mim mesma e aos projetos do meu coração que não precisam gerar lucro. Obrigada, beijo. Amém.