No
último dia 25, fiz uma apresentação de caso no 1º Simpósio do Triângulo Mineiro
em Constelações Sistêmicas- Saberes & Reflexões. Na oportunidade, foi
possível mostrar como o pensamento sistêmico pode fazer parte de uma
consultoria de negócios. Para quem quer entender mais, segue um texto que escrevi
para os participantes do evento e uma entrevista na qual explico melhor tudo
isso.
;)
As constelações organizacionais
são consideradas
um novo tema dentro do campo das práticas de gestão, uma vez que estão ligadas
a aspectos emocionais, psíquicos, fenomenológicos ou seja, intrínsecos ao que é
humano. Mas a verdade é que este é um tema mais antigo (e trabalhado nas
empresas) do que possamos imaginar.
Empresas
são feitas por pessoas desde que empresas existem, a grande questão é que as
discussões a respeito do quanto o fator humano é capaz de interferir no alcance
das estratégias traçadas para uma organização, foram enfatizadas a partir das
últimas décadas e com a chegada da famosa geração y. Para essa turma, o
significado dos passos na carreira tem tanta importância quanto a técnica.
Gente é um assunto velho, mas o olhar estratégico e valoroso sobre o tema nas
empresas é relativamente novo.
Em
uma entrevista para a Endeavor, Abílio Diniz dá a sua definição de empresas,
“são pessoas e processos, processos e pessoas (...). Uma empresa que não tem
pessoas engajadas e comprometidas, não pode ser de alto desempenho”. O cara
sabe das coisas. Pessoas e processos são o foco de estudos dos métodos de
gestão há muito tempo e como novas ferramentas surgem a todo o momento, a
abordagem sistêmica também se apresenta. Esse formato de avaliação pode ser
encontrado em outras teorias do campo organizacional, pois leva em consideração
as relações entre os componentes do sistema para que se alcance um diagnóstico,
exatamente como as análises macro ambientais. A metodologia em si, por meio da
abordagem sistêmica desenvolvida por Bert Hellinger é que é nova para o
ambiente corporativo, tem cerca de 15 anos em todo o mundo e começou a partir
da iniciativa de Gunthard Weber.
Então
vamos entender que bicho é esse?
Os
mesmos princípios que são trabalhados no aspecto terapêutico das constelações
familiares (pertencimento, ordem e equilíbrio entre dar e receber), são
trazidos para as organizações para compreender como as interações sistêmicas
influenciam a tomada de decisão. Traduzindo, muitos dos projetos que ficam nas
gavetas, tem ligações com aspectos que podem estar ocultos na dinâmica das
empresas e nada tem a ver com a competência técnica da equipe. Por exemplo, um
consultor contratado para trabalhar com a área financeira da empresa irá
aplicar diversas técnicas de gestão para alinhar as atividades da área até que
se alcance o resultado almejado, no entanto, provavelmente encontrará entraves
no processo que, por mais que haja técnica e engajamento da equipe, algumas
decisões simplesmente não saem do papel, ainda que todos saibam o que fazer.
Quando
examinamos esses casos do ponto de vista sistêmico, podemos encontrar as razões
para que uma consultoria como essa não consiga ser implantada em sua plenitude.
E sim, muitas dessas razões podem ser pessoais e inconscientes. Já atendemos um
caso no qual a cliente mantinha a empresa desorganizada, em especial na área
financeira, pois, de algum modo se mantinha unida a família em função das
contribuições constantes que tinha do ex-marido e dos filhos para a gestão,
sempre em colapso. Quando tomou consciência da dinâmica, foi possível tratar a
causa (medo de estar só e assumir a responsabilidade) e pasmem, em três meses a
empresária já tinha dois administradores contratados organizando a operação,
melhor qualidade de vida e de quebra, resolvido uma série de questões pessoais
que se arrastavam a anos.
Todos
nós temos muitas razões para escolher as empresas que escolhemos para trabalhar
ou para definir quais são os rumos dos nossos empreendimentos, e seria
ingenuidade acreditar que esses motivos são apenas profissionais. Os sonhos,
expectativas, medos e aspectos que nem sempre conhecemos de nós mesmos,
influenciam essas decisões e as constelações organizacionais apresentam a
possibilidade de lidar com tudo isso com maior clareza, foco e acolhimento, sem
que tenhamos que nos expor além do necessário ou negligenciar o que faz parte
do processo decisório, ainda que desconhecido.
Essa
abordagem pode ser utilizada tanto no aspecto individual do profissional, como
no exemplo que apresentei, quanto na avaliação macro das organizações e suas
relações com stakeholders.