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Plano de (motiv)Ação

Demorei, mas voltei.

E foi por uma boa causa. Nos últimos meses tenho refletido bastante sobre os rumos na carreira e na vida e, portanto, precisava viver algumas experiências para amadurecer as ideias, acalmar o coração e ter boas coisas para contar aqui.

Eis que recebo um recadinho pelo Facebook: "Tia Tati, dá uma atualizada no seu blog... Saudades dos seus textos :)". Meus alunos me chamam de tia as vezes, uma tia jovem, quero deixar claro. E esse foi um belo estímulo (e/ou puxão de orelha, como queira) para voltar a escrever.

Aproveitando o ensejo, vou falar sobre ele: o estímulo. O que isso tem a ver com o título da postagem? Não há plano de ação que vá para a frente sem ele minha amiga.

Os últimos projetos desenvolvidos aqui na empresa têm me ensinado algo importante sobre o nível de motivação e engajamento das pessoas para agir. Cada qual utiliza um estímulo diferente para se manter em movimento: o reconhecimento, o aumento na renda, a vontade de ver o projeto dar certo, trabalhar menos e ganhar mais, crescer, e por aí vai. Ou para se manter parado: o salário é baixo, o clima é ruim, estou cansada, não me interesso pelo que faço, e por aí vai também.

Mas tudo começa (ou para) com o estímulo. E gastamos um tempo enoooooooorme procurando resolver os problemas já instalados, sem as vezes pensar no que os causou, ou o que os estimulou para que se manifestassem. 

E então o ciclo de instala: estímulo, reação, resultado (que é um novo estímulo). Ok, até aqui nada de novo. Mas eis que surge o comentário da aluna, que me faz lembrar de um acontecimento e "plim", cá estou a escrever. 

Há algum tempo entregamos um projeto para um cliente e boa parte dele já estava implantado. Na reunião final, surge o seguinte diálogo com um dos sócios:


Cliente: Então, agora que acabou o processo você vai de quanto em quanto tempo lá na empresa cobrar da gente as coisas que faltam fazer? Você vai cobrar a gente né?
Eu: Não, não vou cobrar vocês.
Cliente: É, mas se você não cobrar, pode ser que não façamos tudo e se o trabalho não der certo, eu posso falar mal da sua empresa no mercado.
(...).

Esses diálogos são mais comuns do que imaginamos. Podem ser transparentes como com esse cliente, ou podem ser velados. Mas o importante é perceber como há aí uma busca de estímulo através da transferência de responsabilidade. Existe uma expectativa sobre o consultor e sobre o coach de que esses profissionais terão todas as respostas e que, depois de contratá-los, tudo vai se resolver. A má notícia é que não vai. Só quem tem poder para resolver um problema é o dono dele. Os demais são assessores, contribuem, mas não resolvem.

O que o meu cliente queria dizer é: Não estou estimulado o suficiente para agir. Havia a consciência da necessidade, um projeto estruturado com a participação dele, investimento financeiro envolvido e ainda assim sem estímulo suficiente para agir.

Para esse cliente em especial, conduzi uma sessão de coaching e depois de tomar consciência do que o impedia de agir, foi mais fácil se desapegar da necessidade de ser cobrado pela consultoria.

Tenho pensado que para projetar decisões organizacionais é preciso projetar também decisões estimulantes. Explico. Projetar decisões estimulantes tem a ver com sentir antes de se envolver em algum projeto, se haverá estimulo para agir. É preciso responder a uma pergunta com toda a honestidade: o que me move nesse trabalho? (Sem metáfora hein gente?! Literalmente movimento, levantar a bunda da cadeira e mandar ver).

O resultado é proporcional à entrega. Ninguém se entrega sem movimento, por menor que ele seja. Então, antes de começar qualquer coisa, faça o seu plano de motivação e compreenda se durante o processo você vai de fato suportar os desafios da conquista sem paralisar. E caso, dê muita vontade de parar, assista esse vídeo aqui, pode ser estimulante.

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