Trabalho com projetos para
empresas há alguns anos e sempre tive a sensação de que nenhum projeto pode dar
certo quando tem alguém infeliz envolvido no processo. A princípio não entendia
muito bem o que acontecia, mas várias vezes vi bons projetos serem descartados
ou virar calço de mesa e as pessoas (empresas) continuarem com os problemas.
Sai de várias reuniões pensando: “Nossa... Deve ser ruim ser ele (a)”. Por algum
motivo eu sabia que felicidade seria diretamente proporcional a projetos
funcionando na realidade.
O que isso tem a ver com colo
de mãe? Nada. Por enquanto. Voltando à história, continuei desenvolvendo os
projetos com base nas ferramentas de gestão disponíveis, mas lá em algum lugar
do coração eu realmente queria poder dizer para alguns clientes: “Por favor,
seja um pouco mais feliz que a vida melhora. Nós vamos poder falar mais do
trabalho ao invés de discutir o porquê do quê, que não leva a nada e só
justifica a existência do problema mas não o resolve”. Para alguns eu até
disse. Mas felicidade não é recomendação, é escolha. E quase ninguém sabe bem
como é ser feliz, inclusive eu, então a coisa ficava muito abstrata. De
qualquer modo seria no mínimo esquisito fazer projetos de marketing feliz,
planejamento estratégico para o desenvolvimento amoroso do negócio e etc. Então
continuei com a Matriz SWOT
tradicional mesmo.
Um belo dia (olha o clichê),
conheci o trabalho das constelações
familiares. Até que enfim, porque a história já está ficando comprida.
Quanto mais experimentava o processo das constelações, mais percebia a
influência dos sistemas nas atividades organizacionais e como, mesmo com as
melhores intenções, decisões e ferramentas, as pessoas não conseguiam agir e
paralisavam o negócio ou criavam o mesmo problema de maneira recorrente.
Resolvi arriscar e com o apoio
de dois psicólogos, comecei a introduzir as constelações nos projetos que
desenvolvemos na Maestro. O resultado foi impressionante. Especialmente pelo
semblante de alívio dos clientes ao final das reuniões. Os projetos ganharam
mais consistência e mais realidade.
O que significa um projeto com
mais realidade? É focado no possível e num caminho que está ligado diretamente
ao coração da empresa (ou do empreendedor). Esses são reais, porque lidam de
fato com o que se está disposto a realizar. Frequentemente, vemos excelentes
consultores orientando com as melhores ferramentas e ainda assim seus clientes
não conseguem caminhar. Há uma dinâmica oculta o processo que quando não é
vista resulta em frustração. É como se o projeto apontasse para um lado e a
dinâmica que rege as pessoas na empresa para outro. Chamo isso de cultura
oculta.
A partir dessas observações e
da experiência com projetos sistêmicos, desenvolvi o conceito de viabilidade sistêmica. Quando se avalia
a viabilidade de um negócio há dois focos comuns, o mercadológico (existe
mercado potencial para o meu produto? Como esse mercado se comporta? Com qual
operação é possível atende-lo? Etc.) e o financeiro (qual será o retorno sobre
esse investimento?). Um terceiro pilar que pode ser avaliado é o sistêmico.
A viabilidade sistêmica atua
num nível mais profundo de análise, compreendendo aquilo que liga o
empreendedor ao seu negócio. É essa a ligação, muitas vezes oculta, que
sustenta o negócio. A energia, a criatividade, a decisão, o envolvimento, entre
outros, são aspectos que dependem de quem são os donos dessa organização, e do
“para que” ela foi criada.
Nesse estudo, compreendemos o
quanto o empresário e sua equipe são viáveis para essa empresa e/ou para esse
projeto e vice-versa. É possível avaliar o quanto o projeto e a empresa também
são viáveis para essas pessoas, afinal são elas que vão (ou não) fazer
acontecer. A partir desse estudo, compreendemos o que de fato precisa ser
trabalhado com as pessoas nas empresas, de quais são as evoluções profissionais
(e porque não pessoais) que cada um precisa para que o negócio seja viável, não
apenas para o mercado ou para o DRE, mas também para aqueles que estão
envolvidos no processo de vida dessa empresa.
Assim como na família, que
podemos estar num fluxo de vida ou de morte, as empresas caminham para o fluxo
de prosperidade ou de retração na
medida em que desvendam suas dores reais e são capazes de olhar para suas
culturas ocultas. A viabilidade sistêmica é mais um passo para a saúde da
empresa em direção ao mercado, bem como das pessoas que a levam até lá.
E o colinho da mamãe? Essa foi
uma das dinâmicas que observamos nos projetos para os quais utilizamos esses
conceitos de que falo aqui no post. Nas empresas maternais, a cultura oculta
faz com que os membros da organização foquem seus esforços para a própria
empresa objetivando atender aos anseios do proprietário. Os clientes nesse
sistema são os últimos a serem vistos. Já viu algum caso de empresário que vive
por conta da empresa, está sobrecarregado mas não consegue parar de trabalhar e,
se parar, a empresa também para? Então, esse é um dos efeitos possíveis de uma
dinâmica maternal.
Falaremos mais sobre esse tema
por aqui. Com o tempo vou contando sobre a metodologia da viabilidade
sistêmica. Aguardem o post especial sobre as empresas maternais.
E quem quiser contribuir, seja
bem-vindo (a).
* Um agradecimento especial ao Leonardo Nogueira e à
Deise Carvalho pelo apoio e incentivo nesse trabalho.
5 comentários:
Interessante.
Você é show ,!!! Estou amando o contexto do blog! Bjus
Obrigada Renata! Que bom que está gostando! Beijos
:)
Muito legal pensar nestas abordagens!
Nunca poderia imaginar este tipo de aplicação, mas faz todo sentido!!!
Quantas e quantas vezes as intenções em reuniões simplesmente morrem,sem sabermos o porque.
Parabéns pela iniciativa! =D
Obrigada Natália!
;)
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